quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A críica de Karl Popper ao Positivismo Lógico (Círculo de Viena)





Por (Anderson Yankee)

Karl Popper, mais preocupado com a lógica do conhecimento critica em vários aspectos os Positivistas lógicos, principalmente no que diz respeito ao método indutivo. Popper, com o pé em Hume, mostra que não é seguro o método dos positivistas, pois a indução tem suas limitações. Ora, este método se baseia na observação e abstrai a constância dos fatos, mas nada garante que um fato “X” se repita sempre, não importando quantas vezes este seja verificado. Pois nada impede que um dia haja uma exceção com o fato “X”, ou seja, que este fenômeno se mostre de outra forma diversa. Isto vale também para os experimentos, mesmo que testemos uma teoria “n” vezes, nunca teremos condições de afirmar a sua verdade com precisão absoluta. Com isto ele questiona se pode haver verdade ou validade nos enunciados baseados no princípio de indução.
Questionando o método, Popper não pode fugir do problema da demarcação. Ora, se ele afirma que o método é falho, acaba que o princípio de demarcação das ciências também apresenta falhas. A busca deste método, seja para os positivistas, seja para Popper é Aldo de extrema importância, pois é ele quem vai garantir credibilidade para as teorias.
A principal falha do princípio de demarcação dos positivistas provém do fato de que ele não dá conta da tarefa a que é destinado, ou seja, separar as ciências empíricas da Metafísica. Talvez por que, como diz Popper, os positivistas estavam tão preocupados em arruinar a Metafísica lhe atribuindo comentários pejorativos, no que diz respeito às suas criações, que não se deram conta de que acabaram não por arruiná-la, mas de certo modo, colocar as criações Metafísicas no mesmo patamar que a das ciências empíricas, isto é, igualando o caráter dos enunciados universais ao dos sistemas metafísicos. Vejamos: No método indutivo, generalizam-se os casos singulares transformando-os em universais. Para os enunciados singulares serem legítimos têm que derivar da experiência, ou seja, serem redutíveis a dados simples da percepção. Ademais, as leis da Metafísica seriam carentes de sentido por não possuírem a propriedade de ser como as ciências empíricas neste sentido, inclusive por não possuírem o mesmo método de se chegar à conclusão de algo. Com isso eles acabam aniquilando junto com a Metafísica as leis naturais, pois elas seriam carentes de sentido, ou seja, não são enunciados genuínos. Mas, ainda com isso eles ainda se colocam no mesmo patamar que estas que eles criticam, além de não demarcarem os limites da ciência. Pois do mesmo modo que as leis naturais, os enunciados científicos não se podem reduzir logicamente a enunciados elementares; aqueles que apresentam sentido.
Para resolver este problema, Popper vai propor um novo método para as ciências empíricas e, assim, um novo critério de demarcação para identificar se uma teoria é de caráter científico. Para tal tarefa ele não tem a mesma pretensão dos positivistas no que diz respeito a aniquilar a Metafísica, inclusive tratando-a de maneira pejorativa. E sim, apenas buscar uma justificação lógica dos enunciados universais acerca da realidade, mas despendido da indução.
O método de Popper segue o caminho contrário dos indutivistas. Consiste em primeiramente formar uma hipótese baseada na intuição e submetê-la a testes para comprovar então verificar a sua consistência, ou seja, se ela realmente é válida. Em outras palavras, Popper pretende que primeiramente se proponha as teorias e em seguida teste-as, que faça-se o exame da lógica da hipótese. Como já foi dito, a hipótese parte de uma “intuição criadora”. Para o exame, Popper propõe que a teoria pode ser testada de várias formas: Entre si, tendo em vista examinar a lógica interna da teoria; Comparando-a com outras teorias, buscando determinar qual funciona melhor e representa um avanço na ciência; Além de testá-la para determinar o caráter da teoria, além de constatar a sua utilidade prática. Quando uma teoria sobrevive aos testes a que foi submetida pode-se dizer que ela passou desta vez. Isto é, se ela é verificada será aceita enquanto funcionar e enquanto outra teoria não lhe sobrepujar. À teoria que passa nos testes é atribuído o termo “corroborada” – isto nada nos garante acerca do futuro de tal teoria.
É mister saber que o método de Popper não pretende afirmar a verdade acerca das teorias, mas sim que ela funciona, ou que foi aceita, corroborada temporariamente. As teorias têm o caráter provisório.
Deste modo, vemos que apesar de o método que Popper propõe ser distinto do método dos positivistas, a concepção científica do mundo de ambos é a mesma. Consideram que a ciência empírica deve representar o mundo real, ou seja, o mundo da experiência. Ademais, o sistema das ciências empíricas deve ser sintético, satisfazer ao critério de demarcação e ser o melhor possível carregando a marca de ser diferente dos outros sistemas que representam o mundo – isto implica que ele passou por testes e sobrepujou os outros sistemas. Então, ambos enxergam nas ciências empíricas uma lógica e um método que a distingue das outras ciências, a experiência.
Entretanto, Popper se distancia mais dos Positivistas – apesar de algumas de suas concepções ainda serem de caráter positivista, como defender o progresso da ciência – quando se trata do critério de demarcação dos limites das ciências empíricas. Popper propõe um método que procura não cair no erro dos positivistas de tentar separar as criações Metafísicas e as leis naturais das criações das ciências empíricas e acabar aniquilando as possibilidades de existência de leis naturais, da Metafísica e por cima prejudicar a própria ciência ao tornar.
Como já foi supracitado, para os positivistas o significado de um enunciado se dá pela possibilidade de ele ser verificado na experiência. Quando verificado, o enunciado pode ser tido como falso ou verdadeiro (falseado ou verificado). Assim eles estabelecem uma simetria entre a verificabilidade e a falseabilidade. Mas é sabido que as teorias não podem ser verificadas empiricamente. É justamente este problema que Popper pretende resolver. Ora, a ciência necessita de teorias, e mais que isto, de teorias justificadas, plausíveis. Popper propõe um critério de demarcação, um princípio que aceite as teorias, que aceite os enunciados não verificáveis.
Deve-se considerar primeiramente o que é um enunciado/sistema empírico para Popper; Em primeiro lugar, ele deve ser passível de teste; deve ser possível que se o refute pela experiência; que possa ser selecionado por meio de testes empíricos. O critério que ele propõe que dê conta de estar de acordo com o que é um sistema empírico e que dê conta de aceitar as teorias é o da falseabilidade, diferentemente do critério dos positivistas que é o da verificabilidade. Este método parte de uma via negativa para selecionar os sistemas e enquadrá-los como empíricos ou não; é empírico aquele que pode ser refutado pela experiência. Procura-se não concluir indutivamente uma teoria de enunciados singulares, mas sim contradizer o sistema dedutivamente usando os enunciados singulares; pois estes podem falsear o sistema, mas não nos levar a inferências que os caracterizem como universais, bem como Hume já tinha dito. Em suma, busca-se “provar a partir da verdade dos enunciados singulares a falsidade dos enunciados universais”.
Aqui se verifica uma assimetria entre verificabilidade e falseabilidade que resulta da forma lógica dos enunciados universais, os quais apesar de não poderem ser derivados dos singulares, podem ser refutados por estes. O que é de suma importância para que se possam considerar válidos até os enunciados que não possam ser verificados, como as teorias que pela simetria entre verificabilidade e falseabilidade eram consideradas sem sentido. Além disso, isto possibilita a existência das leis naturais.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Santo Agostinho e Sua Reflexão Sobre o Tempo

Por Ranis Fonseca de Oliveira

O tempo é, e sempre tem sido, um problema filosófico de grande interesse, principalmente em nossa época. Aliás, não só para filósofos e cientistas, mas também para o indivíduo comum, que está acostumado a organizar e realizar suas tarefas e experiências de acordo com a idéia de tempo concebida como sucessão de instantes traduzida em presente, passado e futuro. Agostinho de Hipona (354-430) foi um dos grandes pensadores a se preocupar com esta problemática.
A reflexão filosófica agostiniana sobre o tempo encontra-se no Livro XI da obra Confissões, texto belíssimo, autobiográfico, redigido entre os anos de 397 e 398, em que Agostinho revela-se admirável analista de problemas psicológicos íntimos, tanto quanto de questões puramente filosóficas.
São perceptíveis três sentidos da palavra confissão no texto agostiniano: confissão de fé, confissão de pecado e de louvor a Deus. Nessa narrativa, o interlocutor privilegiado é o próprio Deus, ou seja, o Tu Divino. É este Tu que vai garantir a veracidade do relato de Agostinho, como ele próprio descreve: “Ó senhor meu – a quem a minha consciência cotidianamente se confessa, mais confiada na esperança da vossa misericórdia do que em sua inocência –, mostra-me, eu Vo-lo peço, que proveito, sim, que proveito haverá em confessar, neste livro, também aos homens, diante de Vós, não quem fui, mas quem sou? Já vi e recordei o fruto que daí se tira. Há muitos, porém, que desejam saber quem eu sou no momento atual em que escrevo as Confissões. Desses, uns conhecem-me, outros não; ou, simplesmente ouviram de mim ou de outros, a meu respeito, alguma coisa. Mas os seus ouvidos não me auscultam o coração, onde eu sou o que sou. Querem, pois, ouvir-me confessar quem sou no interior, para onde não podem lançar o olhar, o ouvido ou a mente. Querem-no, contudo, dispostos a acreditar. Poder-me-ão conhecer? A caridade, porém, que os torna justos, diz-lhes que eu, ao confessar-me, não minto. É ela quem os faz acreditar em mim.”
Seu discurso autobiográfico passa sempre pela certeza do Tu me conheces. Uma passagem obrigatória do eu agostiniano por Deus, para depois voltar a si mesmo. Deste modo, em suas confissões, Agostinho não pode enganar seus leitores, já que também não pode enganar a Deus.
O Que é o tempo?
A reflexão filosófica de Agostinho sobre o tempo é uma de suas mais brilhantes análises filosóficas, a qual o torna, embora sendo um pensador medieval, muito mais contemporâneo do que muitos outros da atualidade. O modo como Agostinho expõe suas interrogações com relação ao tempo marca a reflexão ocidental até os dias de hoje.
Questiona Agostinho: “Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei.”
Agostinho defronta-se com algumas dificuldades principais ao falar sobre o tempo: não podemos apreendê-lo, pois o tempo nos escapa, não conseguimos medi-lo. E também não podemos percebê-lo.
A nossa percepção do tempo permite dividi-lo em três partes: passado, presente e futuro. A partir de nossa experiência, sabemos que esses três tempos são bastante distintos entre si. O passado é o tempo que se afasta de nós, de nossa consciência, de nossa percepção; é tudo que já não é mais palpável, simplesmente porque já se foi. Chamamos de presente o “agora”, o tempo em que nossas experiências acontecem, no momento em que ocorrem. E o futuro, por sua vez, corresponde ao conjunto de todos os eventos que se concretizam na medida em que o tempo passa. Em outras palavras, o futuro é como o lugar onde estão prontos todos os fatos que presenciamos quando determinado período de tempo vier a transcorrer, por menos ou por mais extenso que seja.
De acordo com nossa percepção, dividimos o tempo em três partes distintas: o presente, o passado e o futuro. Seria necessário, neste momento, lançar mão à seguinte questão levantada por Agostinho: É possível medir o tempo? “E, contudo, Senhor, percebemos os intervalos dos tempos, comparamo-los entre si e dizemos uns são mais longos e outros mais breves. Medimos também quando esse tempo é mais comprido ou mais curto do que o outro, e respondemos também que um é duplo ou triplo, ou que a relação entre eles é simples, ou que este é tão grande como aqueles. as não medimos os tempos que passam, quando os medimos pela sensibilidade. Quem pode medir os tempos passados que já não existem ou os futuros que ainda não chegaram? Só se alguém se atrever a dizer que pode medir o que não existe! Quando está decorrendo o tempo, pode percebê-lo e medi-lo. Quando, porém, já tiver decorrido, não o pode perceber nem medir, porque esse tempo já não existe”
Desta forma, não conseguimos medir o tempo. O presente porque não tem nenhum espaço; o futuro porque ainda não veio e o passado porque já não existe mais. Podemos perceber e medi-lo apenas no momento em que está decorrendo.
Tempo e Memória
A reflexão sobre a memória é um elemento importantíssimo na filosofia agostiniana, principalmente para falar do tempo. Ao falar da memória, Agostinho sempre usa as metáforas do lugar e do espaço como, por exemplo, “campos e vastos palácios”, “santuários infinitamente amplos”. Usa um vocabulário de beleza esplêndida, porém, não é o suficiente para dizer o que é a memória (a análise sobre a memória encontra-se no Livro X das Confissões).
O mesmo acontece com o tempo, pois, como diz Jeanne Marie, professora do Departamento de Filosofia da PUC-SP: “é a nossa propensão, quase natural, de falar e de pensar no tempo em termos (em imagens, em conceitos) espaciais que nos impede de entender sua verdadeira natureza”4. A linguagem não é suficiente para dizer a memória, tanto quanto não é suficiente para dizer o tempo. Ou seja, não conseguimos ir além ao que diz respeito à memória e ao tempo por sermos impedidos pelas categorias espaciais que fazemos uso.
Agostinho entende que existe outra maneira de pensar o tempo sem ser em termos espaciais, mas a partir de outro elemento, que é a linguagem, a fala. E por este motivo ainda continuamos pensando o tempo, mas sem a tentativa de explicar a sua essência. Podemos tentar apreendê-lo a partir de nossas práticas lingüísticas, porque a linguagem adquire sentido a partir do tempo. Em outras palavras, não se pode pensar um sem o outro, pois a linguagem articula o tempo, assim como o tempo articula a própria linguagem. “Pensar o tempo significa, portanto, a obrigação de pensar na linguagem que o diz e que nele se diz”.
Neste sentido, percebe-se que memória e linguagem são de suma importância para Agostinho em sua tentativa de dizer o tempo, que ele pensa não só em termos cosmológicos, como medida de movimento, mas também como interioridade psíquica, “abrindo um novo campo de reflexão: o da temporalidade, da nossa condição específica de seres que não só nascem e morrem ‘no’ tempo, mas, sobretudo, que sabem, que têm consciência dessa sua condição temporal e mortal”.
Em Agostinho, a alma é a sede das capacidades humanas de compreensão, percepção, raciocínio, sentimento, em suma, de todas as potencialidades do espírito. Da mesma forma, o filósofo afirmou que a sede do tempo está na alma. Para entender isso é preciso ter em mente a idéia de que o tempo faz parte da criação: o tempo é criatura. Fora da criação existe somente a eternidade de Deus, que consiste na imutabilidade, na ausência de tempo. A eternidade, assim, não é tempo infinitamente prolongado, mas uma existência sem nenhum limite, ao contrário de, por exemplo, a existência humana que é uma distensão, cujas fronteiras são o nascimento e a morte. “É impróprio afirmar que os tempos são três: pretérito, presente e futuro. Mas talvez fosse próprio dizer que os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras.”
A Alma
Os tempos, como afirma Santo Agostinho, existem na mente – o que em sua reflexão equivale a dizer na alma. O passado não existe mais, só é possível na alma do ser humano, por meio da memória. É essa potencialidade humana que permite que as coisas passadas venham novamente à nossa presença. Apenas a recordação, portanto, é que torna possível falarmos em tempo passado. O presente, por sua vez, é o conjunto de nossas sensações e pensamentos do momento, aquilo que percebemos diante de nós e o que estamos cogitando; é a percepção e a consciência. Finalmente, o futuro é a resposta: nossas previsões, nossas esperanças.
Os termos lembrança ou recordação, percepção ou atenção e espera são muito bem traduzidos na seguinte fala de Agostinho: “Vou recitar um hino que aprendi de cor. Antes de principiar, a minha expectação estende-se a todo ele. Porém, logo que começar a minha memória dilata-se, colhendo tudo que passa de expectação para o pretérito. A vida deste meu ato divide-se em memória, por causa do que já recitei, e em expectação, por causa do que hei de recitar. A minha atenção está presente e por ela passa o que era futuro para se tornar pretérito. Quanto mais o hino se aproxima do fim tanto mais a memória se alonga e a expectação se abrevia, esta que fica totalmente consumida, quando a ação, já toda acabada, passa inteiramente para o domínio da memória.”
Construção do “EU”
Desse modo, Agostinho, em todo momento, antes de falar do tempo remete primeiramente à memória. É como se a memória fosse um recurso que interiorizasse a temporalidade, os rastros de algo que já não existe mais, mas que está presente. Se o passado já se foi, o seu vestígio permanece atual na memória. O rastro é algo que existe em ausência do outro, “é presença de uma ausência”, como diz Derrida. Não há presença plena, nem uma ausência total. A imagem, vestígio, permanece gravada mesmo depois que algo já passou. Por isso Agostinho precisou da memória para falar do tempo.
A questão do tempo ainda permanece obscura e controversa. Muitos autores que pensam sobre o tempo, pensam a partir de Santo Agostinho. Como é o caso de Paul Ricoeur, em Tempo e narrativa, que logo no início de seu texto diz: “A antítese principal em torno da qual nossa própria reflexão vai girar encontra sua expressão mais aguda lá no fim do Livro XI das Confissões de Santo Agostinho. Dois traços da alma humana se acham aí confrontados, os quais o autor com seu gosto marcante pelas antíteses sonoras dá o nome de intentio e de distentio anumi”.
A análise agostiniana sobre o tempo, que não é realizada apenas em termos cosmológicos, como medida de movimento, mas também como inseparável da interioridade psíquica, é um elemento importante para a constituição do eu ou do sujeito, pois o eu agostiniano que começa a narrativa das confissões não é o mesmo que conclui. O tempo é a produção da identidade e da diferença consigo mesmo, pode ser ainda a dimensão de um sujeito que está se constituindo, pois ele exerce um papel fundamental na consciência humana, uma vez que tempo e consciência são indissociáveis.
Agostinho em seu estilo de fazer Filosofia, de discutir questões, como o tempo, tão importantes para a cultura ocidental, tornou-se um pensador que vale a pena ser lido e discutido em muitas esferas do conhecimento. Neste sentido, concluímos com Jeanne Marie Gagnebin: “Permanece a seguinte questão: hoje, quando não podemos mais acreditar com a mesma certeza tranqüila que o Outro de nosso tempo, seja a eternidade divina, como conseguir, porém, uma compreensão diferenciada, inventiva da temporalidade – e da história! – humana em suas diversas intensidades? Questão essencial, à qual o pensamento teológico de Agostinho responde e à qual, em sua profundidade radical, a reflexão contemporânea, seja ela histórica, poética, ou filosófica, não pode se furtar.”
*Ranis Fonseca de Oliveira é Mestre em Filosofia pela PUC/SP